domingo, 16 de junho de 2019

Parque Nacional Serra da Capivara



Nas Américas, os vestígios mais antigos da presença humana ficam no Brasil. O Parque Nacional da Serra da Capivara, no interior do Piauí, abriga sítios arqueológicos, a maioria com pinturas e gravuras rupestres, que indicam a presença humana há, pelo menos, 50.000 anos, tendo continuidade até a chegada dos colonizadores brancos. Criado em 1979, ele está localizado no sudeste do Estado, a 530 quilômetros de Teresina, ocupando os municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Sua superfície é de 129.140 hectares. Em 1991, foi classificado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. 

Identificar sítios arqueológicos e a relevância da pesquisa nesses locais é importante para a construção do conhecimento histórico. "Vê-se nas pinturas rupestres que o Brasil foi povoado há muito tempo e que esses homens pré-históricos tinham uma vida livre, rica, cheia de alegria. Ninguém os dominava, nem eles dominavam ninguém. Cada membro do grupo vivia para sim e para todos e respeitava a natureza porque sabia que dela dependia. Esses registros são um bom ponto de partida para reflexão com os alunos", diz Niède Guidon, diretora da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham). Incentive a turma a pesquisar como os restos materiais encontrados nos sítios permitem reconstituir a vida dos primeiros habitantes do país. Outra possibilidade é colocar em discussão as teorias sobre o processo migratório do homem para as Américas. Conheça, a seguir, alguns dados surpreendentes sobre a Serra da Capivara: 

A região já foi habitat de animais gigantes 

A megafauna fóssil do parque nacional inclui mais de 30 espécies, das quais as maiores (uma preguiça gigante e um mastodonte) pesavam mais de 5 toneladas. A extinção desses bichos ocorreu há aproximadamente 10.000 anos, no fim do período chamado Pleistoceno (o que corresponde na América do Norte e na Europa ao fim da época glacial), com a conseguinte mudança climática global. Há investigadores que também creem que seus desaparecimentos foram causados pelo homem. A fauna atual conta com menos de 20 espécies, sendo que a maior delas – a onça – não supera os 120 kg. 

Já foram encontrados mais de 1300 sítios, que incluem artefatos e pinturas rupestres

Entre os achados mais significativos, podemos enumerar as escavações do sítio da Toca do Boqueirão da Pedra Furada, iniciadas em 1978 e concluídas em 1988, que permitiram a descoberta dos mais antigos vestígios, até hoje conhecidos, da presença humana nas Américas: fogueiras estruturadas e uma grande quantidade de artefatos de pedra lascada. Já no Sítio do Meio, encontramos fragmentos da cerâmica mais antiga das Américas, datada de 8.960 anos, o primeiro artefato americano de pedra polida, uma machadinha datada de 9.200 anos. Outro sítio, o da Toca do Caldeirão dos Rodrigues, abriga pinturas, escondidas atrás de um imenso bloco caído, que retratam cerca de 12.000 anos de evolução cultural. As escavações, ainda não terminadas, já permitiram encontrar vestígios da presença humana de 18.000 anos. Em uma escavação feita entre 1978 e 1988 pela arqueóloga Niède, foram achadas centenas de pedras lascadas, estruturas que corresponderiam a antigas fogueiras e carvões. Datadas pela técnica do carbono 14 – pela qual se calcula a idade de materiais orgânicos pela quantidade residual de átomos radioativos de carbono, o carbono 14 –, as amostras foram estimadas em entre seis e 48 mil anos de idade. Durante quatro anos, de 1987 a 1990, o arqueólogo italiano Fabio Parenti buscou comprovar a veracidade da origem dos seixos. A conclusão foi que ali havia seixos em que a forma de lascamento evidenciava uma intenção, um modo de pensar - considerando não apenas uma origem humana para eles, mas também propondo que o homem esteve no local por dezenas de milhares de anos, de forma quase contínua. 

Os achados colocam as teorias sobre o processo migratório para as Américas em xeque 

A teoria arqueológica aceita há mais de meio século defende que o homem teria chegado ao continente americano apenas entre 12 a 15 mil anos atrás – saindo da Ásia e atravessando a pé o Estreito de Bering. Segundo Niède, as evidências encontradas na Serra da Capivara não invalidam a teoria da migração humana por meio de Bering, mas sugerem que o continente americano, com uma extensão de milhares de quilômetros, possa ter sido colonizado por mais de uma via. "Na ciência, toda teoria está sujeita a ser substituída. A de Bering é dos anos 50 e as nossas descobertas, assim como outras no México, no Chile, no Uruguai e inclusive nos Estados Unidos, vem demonstrando que ela está ultrapassada", diz ela. A hipótese mais provável sustentada pela pesquisa é a de que provavelmente pescadores, teriam vindo da África, arrastados pelas correntes e chegaram a América do Sul, empurrados pelos ventos alísios. Análises morfológicas dos crânios encontrados na zona da Serra da Capivara feitas por pesquisadores da USP chegaram à conclusão de que pertenciam ao tipo humano australóide-negróide e não ao tipo humano asiático. 

As descobertas ainda são contestadas por grupos de pesquisadores

O cerne da polêmica está na ausência de fragmentos humanos que comprovem a teoria: a data foi fixada com base em restos de fogueiras. Niède argumenta que o solo da região é ácido – o que impede a preservação dos restos ósseos mais antigos. No entanto, por se tratarem de fogueiras em zonas pequenas e delimitadas, as evidências apontam para fogos causados e controlados pelo homem. As pedras trabalhadas ao redor das fogueiras ajudam a reforçar a tese.




 O Parque Nacional Serra da Capivara, no estado brasileiro do Piauí é um dos mais importantes do mundo em termos de arqueologia Pré-histórica






Entre as culturas Pré-históricas, os desenhos, símbolos e caracteres rupestres eram a mais importante forma de comunicação e são hoje uma janela para o passado. Uma das principais formas de interpretarmos o pensamento, a visão de mundo e o dia a dia das populações pré-históricas 



A Dra. Niède Guidon iniciou ainda na década de 60 seu trabalho com a Serra da Capivara ao entrar em contato com as pinturas rupestres presentes no local. Na década de 70 iniciou a criação do Parque Nacional. A Dra. Guidon é uma referencia mundial em Pré-história






Referência

https://novaescola.org.br/conteudo/1292/4-curiosidades-sobre-a-serra-da-capivara
<Acessado em 16/06/2019>

sábado, 15 de junho de 2019

Douradas Gerais - Sociedade, cultura e revolta em Minas Gerais no século XVIII




A região de Minas Gerais ainda hoje possui enormes reservas minerais em seu subsolo, produto final dos processos geológicos em curso desde a formação do planeta a milhões de anos e que ainda despertam o interesse econômico, não raro gerando efeitos devastadores para a natureza e sociedades locais. Durante o período pré-histórico a região já era ocupada por diversos povos como atestam os sítios arqueológicos de Lagoa Santa, Lapa Vermelha, Lapa do Santo entre dezenas de outros. Subsistiam da caça, da pesca, da coleta de vegetais silvestres e praticavam algumas formas primitivas de agricultura, organizando-se ainda em sociedades complexas com divisão de tarefas, crenças religiosas e expressões artísticas próprias. 

Posteriormente a região seria ocupada por grupos indígenas pertencentes ao tronco linguístico Macro-Jê, e com a expansão urbana em outras áreas do país, já durante o período colonial, iniciaram-se ondas migratórias indígenas para a região, onde destaca-se a chegada por exemplo dos índios Botocudos, que ali se instalaram buscando fugir do contato com os portugueses, mais próximos do litoral. 

No final do século XVII, em meio a crise da economia açucareira no nordeste do Brasil colonial, o governo português passa a incentivar a busca pelo ouro no interior no território, colhendo os frutos deste esforço em 1697 com a descoberta de "dezoito a vinte ribeiros de ouro da melhor qualidade", conforme anunciou o então governador do Rio de Janeiro, Castro Caldas. Com a divulgação da descoberta a região passaria a receber um fluxo constante e enorme de imigrantes provenientes de todas as regiões da colônia brasileira, de outros territórios coloniais portugueses, inclusive de Portugal. Pessoas que acorriam para a região alimentando o sonho do enriquecimento fácil e rápido. 

Os recursos naturais e principalmente o ouro e os diamantes de Minas Gerais estavam sendo explorados vorazmente pelos grupos de bandeirantes que os haviam descoberto, no entanto com a chegada de centenas de pessoas provenientes de outras regiões os bandeirantes paulista se veem rapidamente em desvantagem numérica e a tensão cresce rapidamente entre os dois grupos que passam a recorrer a violência para resolver suas disputas sobre os pontos de mineração. O episódio ficaria conhecido como a “Guerra dos emboabas”, sendo emboaba o nome de um pássaro de pernas finas e emplumadas que os paulistas, para ridicularizar os portugueses passam a os chamar, devido as suas vestimentas mais sofisticadas. A chamada Guerra dos emboabas termina com o massacre de dezenas de paulistas e sua expulsão da área de Minas Gerais. O episódio deixou o governo português em alerta, e o fez ver a necessidade de organizar o processo de exploração do ouro e de levar à região uma infraestrutura jurídica para que os constantes conflitos sobre posse de terras, riquezas e direitos de exploração passassem a ser resolvidos através das vias legais.

Após os conflitos iniciais a região rapidamente se urbaniza, surgindo dezenas de vilas e cidades. Para atender as necessidades da população local passam a atuar na região mercadores, artesãos, taberneiros, boticários, cirurgiões-barbeiros, tropeiros etc... Cria-se uma espécie de classe média na sociedade local, composta em grande medida por estes profissionais. 

Cidades como Diamantina, Ouro Preto, Congonhas, Brumadinho, Serro, Mariana e Sabará, apenas para citar algumas parecem surgir do dia para a noite. Nelas a cultura típica mineira começa a tomar forma, na vida e no trabalho de milhares de seus habitantes. Em todas elas a presença da coroa portuguesa através de seus funcionário públicos, mineralogistas, juízes, militares e fiscais é constante. De todo o império português no século XVIII a região aurífera de Minas Gerais é, indiscutivelmente, a mais importante. Nela, estrangeiros são proibidos de entrar, e todos que saem ou entram nas cidades precisam se apresentar as autoridades. O controle é rígido.

Até a década de 1760 aproximadamente, a região viveria seu período de apogeu e glória, com igrejas recebendo adornos em ouro, desenvolvimento em infraestrutura, principalmente em estradas e organização social. 

Afim de ligar todas as cidades da região com os portos do litoral, em especial os de Paraty, Rio de Janeiro e Santos, para que a riqueza seja escoada para Portugal, são criadas uma série de “estradas reais”. Estas estradas, cruzando toda a região de Minas Gerais, possui em sua totalidade 1.630 quilômetros de extensão e foram abertas e mantidas através da exploração da mão de obra escrava. Por elas, ao longo de todo o século XVIII, transitavam os próprios escravos, que trabalhavam em sua abertura ou manutenção, tropeiros, conduzindo “tropas” de animais de carga desde o Rio Grande do Sul ou São Paulo, levando a região alimentos, remédios, ferramentas, roupas e inúmeros outros artigos que seriam vendidos nas cidades mineiras. Destacamentos militares, enviados das cidades do litoral ou mesmo de Portugal para manter a ordem e a fiscalização na área e principalmente o ouro, prata e diamantes minerados no interior a caminho dos portos do litoral. Ao todo, a Estrada Real subdivide-se em quatro principais caminhos sendo eles o Caminho Novo, Caminho velho, Caminho dos diamantes e Caminho Sabarabuçu.

Sistema Tributário


Afim de garantir sua parcela de lucros com a exploração do ouro e demais minerais e gemas preciosas na  área de Minas Gerais, Lisboa passa a organizar um sistema tributário onde destacam-se dois impostos principais cobrados à população local, o quinto e a capitação.

O quinto recebia este nome por incidir sobre o quinto da produção total, no caso de Minas Gerais, da extração de ouro e pedras preciosas. Os minérios extraídos eram encaminhados as Casas de Fundição, onde eram derretidos, separava-se a quinta parte, registrava-se o selo oficial do governo real português nas barras, provando assim que haviam passado pela casa de fundição e haviam sido portanto oneradas pelo quinto.

Outro tributo era a capitação. Este era cobrado sobre a quantidade de escravos que determinada companhia, empresa ou individuo possuía e empregava no trabalho de mineração. O raciocínio do governo português era de que quanto mais escravos se possuísse empregados no trabalho de mineração, mais riquezas seriam extraídas e portanto maior deveria ser os impostos cobrados.

A partir da década de 70 do século XVIII a produção aurífera começa a diminuir devido a dificuldade crescente de se extrair ouro, que começava a escassear. Em face a essa situação, a coroa portuguesa institui a Derrama, uma taxação extra, cobrada anualmente das vilas e cidades mineiras que não conseguissem cumprir a cota de cem arrobas de ouro ao longo do ano. As comunidades que falhassem em arrecadar a quantia necessária seriam tachadas pela derrama, onde os soldados do rei invadiam as casas e fazendas de particulares e confiscavam quaisquer objetos de valor que julgassem necessário para cobrir a diferença entre o que foi extraído de ouro ao longo do ano e as cem arrobas determinadas pelo rei. Extremamente impopular, a derrama seria um dos principais motores das revoltas regionais em especial a Inconfidência.

Inconfidência Mineira


A população das cidades mineiras, revoltada com a cobrança de impostos em especial a Derrama, influenciados também pelos ideais de liberdade trazidos pelo iluminismo francês e observando os ressentes acontecimentos mundiais, em especial a independência dos EUA na América do Norte passaram a buscar formas de resistir ao controle português. Um grupo de habitantes locais, formado majoritariamente por membros da classe média mineira dentre eles poetas, comerciantes, militares e profissionais liberais passaram a imaginar formas de transformar a situação na qual viviam. Em pouco tempo, seus planos se encaminharam para as ideias de independência e criação de uma nova republica na região.


Os planos dos inconfidentes


Inconfidente quer dizer “aquele que trai a confiança”. Este termo foi cunhado tempos depois do ocorrido em Minas Gerais e atribuído aos conspiradores contrários aos mandos da coroa portuguesa. Em sua maioria, eram membros da chamada “elite mineira letrada”, os que tinham certo poder aquisitivo e certo acesso a determinadas informações.

Entre os conspiradores destacavam-se os poetas Cláudio Manoel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto, o ex-funcionário público Tomás Antônio Gonzaga, os padres Oliveira Rolim e Carlos Correia de Toledo, o filósofo Álvares Maciel e os militares Francisco de Paula Freire de Andrade (tenente-coronel), Domingos de Abreu Vieira e Joaquim José dos Reis (coronéis), Toledo Pisa (sargento) e o alferes Joaquim José da Silva Xavier.
Os planos eram:


  • Fundar em Minas Gerais um governo republicano independente de Portugal;
  • Construir e manter uma universidade em Vila Rica, além de hospitais e escolas;
  • Permitir e incentivar a implantação de manufaturas no Brasil, proibidas na colônia por decreto real;
  • Transformar São João del Rei na capital do novo país. Tomás Antonio Gonzaga seria o primeiro presidente da República, e eleições para a escolha do novo presidente seriam marcada três anos após a posse.
O movimento revolucionário estava marcado para acontecer no mesmo dia da derrama, e os conspiradores seriam avisados nas vésperas com a senha “Dia tal é o batizado”  onde “tal”, claro, era o dia da derrama.

Os planos não foram à frente pois a derrama, exigida pela Coroa, teve sua ordem suspensa no dia 14 de março de 1789 pelo governador de Minas Gerais, Luis Antônio de Mendonça (o Visconde de Barbacena) e o grupo conspirador foi denunciado no dia 15 de março por Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito e Inácio Correia de Pamplona, em troca do fim de suas dívidas para com a Coroa portuguesa.

Joaquim Silvério dos Reis ainda foi mandado ao Rio de Janeiro, onde Tiradentes estava em uma viagem, a fim de encontrá-lo e entregá-lo ao vice-rei Luis de Vasconcelos e Souza. Preso em 10 de maio de 1789, Tiradentes inicialmente negou a participação na conspiração, mas posteriormente assumiu toda a culpa pela “inconfidência”, tentando evitar a condenação dos companheiros, capturados nos dias posteriores à sua prisão.


A sentença dos inconfidentes


Todos os envolvidos — à exceção dos três elementos citados anteriormente que denunciaram a conspiração — foram condenados por crimes de lesa-majestade, definidas como “traição ao Rei”.

Cláudio Manoel da Costa enforcou-se na prisão de Vila Rica, outros presos foram condenados à morte e ao degredo. Mais tarde, por clemência de D. Maria I, todas as sentenças mudaram para o degredo e os presos foram mandados para a África. Apenas Tiradentes foi condenado à forca e sua sentença mantida.

Arte em Minas Gerais


Durante o chamado ciclo do ouro o rápido desenvolvimento urbano da região, somado ao surgimento de uma robusta classe média e a enorme riqueza extraída da região possibilitou o surgimento de uma cultura artística típica e inconfundível, o barroco mineiro. Influenciados tanto pelo barroco europeu, em voga neste momento histórico, quanto pela mistura racial típica do Brasil, os artistas da região promoveriam o surgimento de uma vertente verdadeiramente única do movimento barroco que ficaria conhecido como barroco mineiro.

Nas artes plásticas destacam-se o trabalho do Mestre Ataíde e de Aleijadinho. O primeiro, pintor, trabalhou principalmente com a arte sacra, decorando o interior de igrejas, mosteiros, conventos e catedrais. Habilidoso no emprego de luzes e tons diferenciados bem como na criação de perspectivas de espaço. Aleijadinho por sua vez trabalhou junto com Ataíde em uma diversidade de igrejas, esculpindo estátuas, painéis, lavatórios, pias batismais, altares entre outras coisas. Suas representações de anjos e dos apóstolos são consideradas obras importantíssimas não apenas pela qualidade técnica mas também por representar tais personagens com traços tipicamente brasileiros.

Em termos de música o predomínio era das obras sacras, para serem executadas em festividades religiosas e missas. A musicalidade popular também estava presente em cantigas e músicas de festa, bem como a sonoridade típica das culturas africanas que ali se encontravam devido a migração forçada da escravidão.

Ainda dentro do universo cultural do barroco mineiro destacam-se a poesia, as danças e demais expressões culturais populares, incluindo a culinária, símbolo da região até os dias de hoje.

Conclusão


Colonial O apogeu da mineração no Brasil Colonial ocorreu na primeira metade do século XVIII, alcançado seu ponto máximo em torno de 1760. O ouro provocou grandes transformações na colônia contribuindo para o povoamento do interior e o crescimento demográfico do Brasil. Levou à fundação de numerosas vilas e cidades e, com elas, a proliferação de profissionais das mais diversas áreas que passaram a formar um núcleo urbano de classe média, possivelmente o primeiro na sociedade colonial brasileira. O ouro permitiu construir igrejas imponentes e revestiu seus altares e tetos. Mas enriqueceu poucos. A riqueza acabou se acumulando de fato nas mãos dos comerciantes, locais e forasteiros. A pobreza marcou a sociedade mineradora como bem analisou Laura de Mello e Souza. Esgotadas as minas, o declínio foi relativamente rápido e, em 1780, a renda da mineração era menos da metade do que fora no auge. A queda da extração aurífera, contudo, não acarretou uma decadência econômica, como afirmava a visão tradicional. A economia mineira, a partir da segunda metade do século XVIII, diversificou-se com a produção de alimentos, atividades artesanais e um vigoroso comércio.





As cidades mineiras conservam a arquitetura colonial do século XVIII


Pelos caminhos da Estrada Real circulava boa parte da riqueza do império português


O barroco mineiro pode ser encontrado nas igrejas, muitas delas ornamentadas com obras do mestre Aleijadinho

A pintura em perspectiva do teto da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, é um exemplo da genialidade do mestre Ataíde, pintor que trabalhou com Aleijadinho em diversos projetos.